Recentemente, um representante do mundo das criptomoedas tocou o assunto do “unbanked” e explicou como este se tornou num termo errado para designar a aquelas pessoas que não estão incluídas no sistema financeiro tradicional.
Vinny Lingham, co-fundador sul-africano do projeto Civic, deixa ver que o problema da debancarização está nos indivíduos que não podem realizar suas transações sem dificuldade.
Necessitamos deixar de usar o termo “debancarização” como se o banco fosse a solução. Não podemos assumir que o mundo necessita uma conta bancaria em funcionamento para ser útil na sociedade. O que o mundo necessita é que cada humano tenha a possibilidade de realizar transações sem esforço.
Vinny Lingham, co-fundador do Civic.
No entanto, o problema vai muito mais longe. Lingham passa por alto que o termo “debancarização” (unbanked em inglês) é um problema que não tem acesso a uma conta bancaria. No sistema financeiro tradicional, uma pessoa sem conta bancaria não tem acesso a créditos, sistemas de poupança e á segurança relativa que oferecem.
A debancarização é um problema que afeta a uma parte significativa da população mundial. O Banco Mundial estimou que para o ano 2017, um 31% da população adulta a nível mundial não teria acesso ao sistema financeiro tradicional. Nos países em desenvolvimento é onde os números de debancarização são mais elevados. Junto com a debancarização, os indivíduos enfrentam ao mau funcionamento dos serviços básicos e inclusive o registro da identidade não funciona adequadamente.
A debancarização afeta a economia individual, mas também ameaça o sistema centralizado sobre o qual funciona o sistema bancário, já que os indivíduos procuram uma maneira de agilizar suas transações e dotar de liquidez aos seus lares. Da mesma forma, algumas pequenas e médias empresas buscam alternativas ao sistema de crédito tradicional, e recorreram ao Mercado Alternativo de Renda Fixa (MARF), os fundos de inversão que estão especializados em empresas que não têm acesso aos mercados de capitais, ou em investidores privados (business angels). Mas uma solução que se oferece tanto para os indivíduos como para as empresas são as criptomoedas.
Um sistema de pagamento como o Bitcoin permite que os indivíduos façam transações com mais facilidade, através de um dispositivo no qual possa instalar-se uma carteira de criptomoedas e possa ter acesso á rede para solicitar a confirmação das transações. Da mesma forma, as criptomoedas são usadas tanto como reserva de valor ou como inversão. A cadeia de blocos, ademais, é um livro contábil no qual só se registram as transações, senão que também pode funcionar como um suporte para registrar a identidade dos indivíduos, a informação sobre os produtos para otimizar a cadeia de fornecimento ou inclusive melhorar a transparência dos sistemas de votações. Lingham explica que o termo mais acertado seria o de “inclusão financeira”, para substituir ao de “unbanked”.
O termo “inclusão financeira” é certamente mais acertado. Se assumirmos que os novos trilhos financeiros serão construídos sobre as criptomoedas, é completamente razoável que assumamos que os 2 ou 3 bilhões de “não bancarizados” nunca terão uma conta bancaria, mas poderão incluir-se financeiramente.
Vinny Lingham, co-fundador do Civic.
Para que as criptomoedas sejam uma ferramenta que permita a inclusão financeira, é necessário primeiro que os indivíduos tenham acesso à Internet e aos dispositivos móveis. Da mesma forma, é preciso uma campanha de educação massiva para evitar que os indivíduos usem fraudes que pretendem tirar proveito de sua ignorância e que, ao mesmo tempo, ensina que a volatilidade das criptomoedas é sintoma próprio dos mercados que, assim como este, ainda estão em construção e consolidação. Assim, se poderia desmontar a matriz de opinião que o sistema financeiro tradicional tem levantado em torno aos criptoativos, declarando em múltiplas ocasiões que “Bitcoin morreu” o qual se trata de uma bolha financeira.
De fato, tal é a ameaça que representam as criptomoedas para o sistema financeiro tradicional, que muitos bancos a nível mundial já utilizam a tecnologia das criptomoedas, para otimizar serviços como os pagamentos transfronteiriços. Não obstante, é possível que as bases do novo sistema financeiro possam ser estabelecidas e que não seja necessário nenhum intermediário que afaste poder aos indivíduos sobre seu dinheiro.
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Traduzido de: CriptoNoticias.