Ante o crescente ceticismo em relação á sua moeda digital Libra, Facebook disse no passado sábado 19 que a iniciativa pode usar várias stablecoins ou criptomoedas ancoradas em moedas nacionais, como o dólar estadunidense, em vez de uma única criptomoeda sintética como a que ele propôs inicialmente.
David Marcus, que lidera o projeto para o Facebook e é CEO da Calibra, disse em um seminário bancário que o principal objetivo da rede social ainda era a criação de um sistema de pagamentos mais eficiente, mas que estava aberta a enfoques alternativos á criptomoeda que finalmente se usaria.
Nós podemos fazer isso de uma forma diferente. Em vez de ter uma unidade sintética […] poderíamos ter uma série de stablecoins: uma stablecoin associada ao dólar, outra associada ao euro, outra ancorada à libra esterlina, etc. Poderíamos ter uma multidão de stablecoins que representam moedas nacionais em forma digital tokenizada. Essa é uma das opções que deveria ser considerada.
David Marcus, CEO da Calibra, Facebook.
Marcus disse que não estava sugerindo que as stablecoins ancoradas fossem necessariamente a opção preferida do Facebook.
«O que realmente importa para nós é a missão e existem várias maneiras de aborda-la», disse Marcus a Reuters depois que o painel foi realizado com executivos bancários, e acrescentou que Libra precisava «demonstrar que tem muita agilidade». O novo esquema de respaldo de Libra baseado em stablecoins parece obedecer a essa imagem de flexibilidade e agilidade que o Facebook quer projetar.
O projeto liderado pelo Facebook atravessou por vários problemas neste mês, quando companhias de pagamentos como Mastercard e Visa se tornaram nos últimos sócios em abandonar o projeto Libra, logo de que o PayPal anunciasse sua decisão de sair do mesmo. A formação oficial da Associação Libra se produz com 25% menos dos proponentes iniciais.
Outros membros importantes que abandonaram o projeto foram Stripe, eBay Inc, e Booking Holdings.
Reguladores e legisladores de diversos países se preocuparam de que a criação de uma nova criptomoeda global possa desestabilizar o sistema financeiro, ameaçar a privacidade dos usuários e facilitar a lavagem de dinheiro. A proposta inicial da Libra contemplava uma stablecoin respaldada numa cesta de moedas fiduciárias.
Um grupo de 20 líderes financeiros concordaram na última sexta-feira, 18 de outubro, pôr em prática regulações estritas e assinalaram que tais moedas estáveis não deveriam ser emitidas até que os diversos riscos globais que essas implicam não sejam atendidos.
Marcus disse á Reuters que o Facebook ainda apontava ao lançamento da Libra em 2020, mas que reconhecia que poderia infringir com essa meta devido às travas regulamentares.
«Já veremos. Esse ainda é o objetivo», disse Marcus a Reuters quando se lhe perguntou se a recente partida de importantes associados poderia atrasar o lançamento em 2020.
«Sempre afirmamos que não seguiremos avançando no projeto até que não tenhamos coberto todas as inquietudes possíveis, todas as legítimas preocupações por parte dos reguladores. Portanto, não depende completamente de nós», disse Marcus a Reuters.
Imagem destacada: colagem de CriptoNoticias com imagem por Dilock / stock.adobe.com
Traduzido de: CriptoNoticias