O governo do Chile informou no passado 13 de abril que o projeto de lei FinTech será introduzido ao Congresso em meados deste ano, uma notícia que celebra o setor das finanças financeiras, que vê a regulação como uma oportunidade e um impulso para garantir seu crescimento, sobretudo na atualidade quando a crises gerada pela pandemia do Coronavírus está obrigando ao mundo a voltar-se ao ecossistema digital para transformar a sociedade e continuar gerando rendimentos.
Há um ano, a Comissão do Mercado Financeiro de Chile, fez um chamado aos atores da indústria FinTech do país para conformar uma mesa de trabalho com o objetivo de realizar um anteprojeto de lei para regular ao setor.
Depois de vários meses, o trabalho que haviam começado, ficou paralisado como resultado do estrondo social que, desde outubro de 2019 e durante vários meses, mergulhou á população chilena na incerteza e o desconcerto.
Mauricio Benítez, diretor de Desenvolvimento de Negócios Corporativos da BDO Chile. Imagem tirada de bdo.cl.
«Desde então, ficamos em espera, até agora, quando o governo anunciou que o projeto chegará ao Congresso em meados do ano, que é dentro de um período muito curto », assinalou para CriptoNoticias, Mauricio Benítez, diretor de Desenvolvimento de Negócios Corporativos de BDO Chile.
A FinteChile, a associação que agrupa a 70 das 130 empresas FinTech que existem no país, junto com BDO Chile, têm trabalhado em conjunto com o objetivo de promover o desenvolvimento da indústria, orientando os processos que lhes permitirá ás empresas autorregular-se e lidar de melhor forma o quadro legal regulatório.
Estamos expectantes de ver como virá o projeto de lei. Mas, acima de tudo, pensamos que a regulação neste momento é uma oportunidade, sobretudo porque nos momentos complexos como os que estamos vivendo, o banco tradicional pode perceber que deve trabalhar com as empresas de tecnologia financeira. Inclusive, deveria produzir-se uma integração entre as FinTech e a banco tradicional. Não devemos esquecer que a crise financeira de 2008-2009 fez que nascera a indústria FinTech que se apresentou como uma solução para o mundo. Por isso, e outras razões, hoje mais que nunca vemos que em Chile as FinTech devem ser um setor de relevância na indústria financeira.
Mauricio Benítez, diretor de Desenvolvimento de Negócios da BDO Chile.
Desafios e oportunidades
Por outro lado, Ángel Sierra, diretor executivo da Associação FinteChile, comentou aos á mídia local que se precisa, o mais rápido possível, que as FinTech sejam oficialmente reconhecidas como provedores financeiros para apoiar ao governo e á sociedade em situações tão complexas como as que se vivem na atualidade por as consequências geradas pela pandemia.
Mauricio Benítez concorda com essa ideia e acredita que é o momento de evoluir ou morrer, pois o mundo está obrigado a promover os serviços digitais e remotos, como também a inteligência artificial e as criptomoedas.
Devemos considerar que há 10 anos temos desenvolvendo a indústria tecnológica financeira e já temos construídas soluções que efetivamente são um alívio para as companhias, as quais por esta via podem encontrar aceso ao financiamento e a alavancagem para futuros projetos. Por isso, acreditamos que este momento representava uma oportunidade para ser a solução que requerem as companhias que, pelas crises, não vão se sair muito bem, pois há muitas empresas que vão cair, vão a ir à falência. Todos os bancos centrais estão injetando capital nos mercados porque há uma falta de liquidez, mas também devemos ter presente que temos soluções tecnológicas, que representam uma ferramenta tão eficaz que os custos de produção de muitas indústrias vão a diminuir. Podemos aproveitar a tecnologia e aproveitar os benefícios dela para dar-lhe uma impulsão á economia.
Mauricio Benítez, diretor de Desenvolvimento de Negócios da BDO Chile.
Por outro lado, Ángel Sierra explicou que o grêmio FinTech no Chile está á expectativa com respeito aos três elementos. Em primer lugar, esperam que a lei seja processada com caráter de urgência e máxima celeridade, para que o Chile possa capitalizar quanto antes à democratização das finanças com o uso da tecnologia.
Em segundo lugar, eles aspiram que o governo chileno não repita os erros que outros países cometeram com a implementação de suas respectivas políticas em matéria FinTech, as quais terminaram sendo uma normativa restritiva que inibe a inovação na indústria financeira.
Terceiro, desejam que o governo veja que a lei FinTech é o catalisador para que o Chile se tornar num Hub Financeiro da região.
«Hoje, os principais centros financeiros mundiais não são necessariamente os que têm maior profundidade em seus mercados capitais, senão os que têm posto á tecnologia ao serviço da gente e a sua economia em geral», explicou, de acordo ao relatado no jornal La Tercera.
O diretor da Associação FinteChile está convencido de que as repercussões que está deixando a expansão do Coronavírus no Chile poderia beneficiar a criptomoedas como bitcoin e os serviços FinTech no processamento de pagamentos, tal como o publicou CriptoNoticias recentemente.
«Neste momento, os criptoativos surpreendem com a resiliência diante ás divisas tradicionais por uma simples razão, estão suportadas por tecnologias e têm um número finito”. O Bitcoin tem 21 milhões (de unidades) e aí termina. A diferença do dólar e outras moedas que são uma impressora de bilhetes que não se sabe qual é o seu subjacente, o respaldo dessas moedas», indicou Sierra.
Embora a indústria FinTech tenha expectativas de que se logre a integração do banco tradicional, no Chile há um histórico de que o setor bancário restringiu as operações de startups relacionadas com criptomoedas.
Um dos casos mais recentes aconteceu em janeiro passado, quando o Banco de Crédito e Inversão (BCI) encerrou as contas da plataforma de compra e venda de bitcoin Chile Bit. Antes disso, os casos mais emblemáticos ocorreram em março de 2018 quando os bancos locais fecharam as contas das casas de câmbio CryptoMKT e Buda.com.
Bandeira do Chile e rede descentralizada. Imagens de Nicolas Raymond e Jack Moreh /
Traduzido de: CriptoNoticias.