No interesse de evitar novos ataques de duplo gasto no Ethereum Classic, um desenvolvedor desta comunidade, identificado como p3c-bot, publicou uma proposta para mudar o algoritmo de minado de dita rede.
A proposta, intitulada ECIP-1049: mudança do algoritmo de Prova de Trabalho de ETC a Keccak256, propõe suplantar o algoritmo de minado usado até agora por Ethereum Classic (Ethash) por Keccak256. O desenvolvedor comenta que é uma “resposta aos recentes ataques de duplo gasto” que recebeu a rede de ETC. Conforme a ECIP-1049, utilizar um algoritmo de mineração diferente alentaria ao desenvolvimento de mineiros especializados na altcoin; o qual, por consequência, diminuiria as possibilidades de ser atacados por mineiros de outras redes e por aqueles que compram poder de minado nos mercados como NiceHash com esse propósito.
(…) A maior parte deste poder de processamento foi alugado ou provinha de outras cadeias, especificamente Ethereum (ETH). Um algoritmo de prova de trabalho por separado alentaria o desenvolvimento de uma comunidade mineira especializada no Ethereum Classic e limitaria a capacidade dos atacantes para comprar o poder de processamento mercenário no mercado aberto.
ECIP-1049: mudança do algoritmo de Prova de Trabalho de ETC ao Keccak256
A ECIP-1049 explica que Keccak256 é um dos poucos algoritmos de hash, além de SHA256 – usado por Bitcoin–, “permitidos para aplicações militares e de grau científico”, pelo que assevera que “pode proporcionar suficiente entropia de hash para um sistema de prova de trabalho”.
Além de limitar a capacidade dos possíveis atacantes para vulnerar a rede, a proposta assegura que a implementação de Keccak256 como algoritmo de minado poderia simplificar o desenvolvimento de ferramentas de segunda camada para Ethereum Classic.
Como benefício secundário, os contratos inteligentes implantados e as DApps que se executam na cadeia atualmente podem usar keccak256 em seu código. Esta ECIP poderia abrir a possibilidade de que os contratos inteligentes possam avaliar o estado da cadeia e simplificar o desenvolvimento na segunda camada (L2).
ECIP-1049: mudança do algoritmo de Prova de Trabalho de ETC ao Keccak256
Esta proposta foi apresentada à comunidade de Ethereum Classic há quase um mês. No entanto, até ao momento não tem tido maior discussão sobre a proposta. Ademais, os comentários de GitHub demonstram pouca aceitação da ECIP-1049, principalmente argumentando os múltiplos desafios que implica apostar a uma mudança de algoritmo para o qual não existem mineiros ainda.
O impulsor da proposta também comentou que tinha iniciado provas numa testnet (rede de provas) chamada “Astor” utilizando este algoritmo.
OS ATAQUES CONTRA ETHEREUM CLASSIC
É preciso lembrar que a comunidade de Ethereum Classic está recebendo este tipo de propostas depois que a rede de ETC sofresse um importante ataque, entre 5 e 7 de janeiro. Nessa oportunidade, os perpetradores obtiveram mais de 58% do poder de minado da rede, que derivou num ataque de duplo gasto no qual se viram comprometidos 219.000 ETC (694.230 dólares, conforme o preço atual da criptomoeda).
Entre as medidas tomadas pelos desenvolvedores para prevenir novas reordenações dos blocos e ataques semelhantes, encontra-se o lançamento de ferramentas de monitorização de anomalias, desenvolvidas por ETC Cooperative (ETCC).
O grupo de desenvolvedores oficiais de Ethereum Classic, ETC Labs, divulgou em meados de janeiro a folha de rota da rede. Neste mapa, além do desenvolvimento de ferramentas para monitorização e análise da cadeia, o foco se encontra nas aplicações baseadas em tecnologia de criptoativos, também conhecidas como aplicações descentralizadas ou DApps.
Imagem destacada por: alswart / stock.adobe.com
Traduzido de: CriptoNoticias